quarta-feira, 20 de julho de 2011

Nirvana de Bayer


“A verdade é que não há nem haverá ninguém em volta, que perceba os fatos ocorridos, ali, naquele silencioso fundo de sala de aula...”.
I
E ela, a deseja de tal forma, que não há, até hoje explicação de ambos os lados, nem se quer motivo para tanto desejo, como muitos outros, proibido...
O sangue ferve, as mãos soam, a pupila dilata? “Descreva as sensações que se passam em teu ser quando se aproxima de mim”. Essa era a maior vontade de Susan, saber o que se passava na cabeça de Marie.
No entanto sua curiosidade partia de um sentimento, um sentimento novo para ela, e não saberia decidir nada enquanto as dúvidas e incertezas desse sentimento rondassem sua mente confusa. Susan também se sentia atraída por Marie, de uma maneira tão forte e visceral, que a assustava. E em uma de suas declarações, disfarçadas pela amizade das duas, Susan declara estar também apaixonada por Marie...
II
Indecisão?! Sim! Talvez... Ninguém saberia, nem mesmo Susan.
- Não consigo controlar o que eu estou sentindo, queria ao menos entender, é tudo tão novo. Eu gosto de me sentir desejada, ainda mais por você, mas, e o “politicamente correto” que nos ensinaram, que há alguns meses atrás me caíra tão bem? Eu não sei, Marie. Estou confusa (...)
- (...) Quero muito, e você está me fazendo querer esse nosso caso proibido mais que tudo, me faz desejar suas mãos deslizando minhas curvas, suas mordiscadas ao pé da minha orelha, os sussurros poéticos enquanto você me beija, suas mãos delicadas enroscadas em meu pescoço fazendo arrepiar meu corpo todo, suas mãos salientes subindo e descendo toda a minha essência procurando “algo mais”...
 III
As duas, moças belíssimas, Susan, uma morena clara típica, olhos castanhos sedutores, cabelos cacheados, definidos, os mais belos já vistos, Marie por sua vez, tinha a pele clara, baixa estatura, cabelos ruivos, lisos, era bem mais masculina que Susan... Susan com um pouco menos que 17 anos e a Marie com um pouco mais...
Chegara a hora das duas darem espaço ao desejo que sentiam. Pelos seus rostos quando tudo acabou, havia sido indescritível a sensação de ambas...
Era manhã de quarta feira, dia ensolarado, durando apenas alguns minutos, Marie, por sua vez, queria mais, bem mais que apenas aquilo, Susan a freiou, como faz até hoje...
Mas, Marie sabia que isso não queria dizer que Susan não estava apta, só era um mundo novo para ela. No entanto, Marie, queria apenas proporcionar prazer à Susan, isto é, queria Susan, apenas isso, parecia tão pouco, não?
IV
Manhã seguinte... As duas trocaram olhares, apenas isso, como se nada houvesse acontecido, acontecendo... Sempre disfarçando qualquer comentário dos amigos sobre sua repentina aproximação, conversando naturalmente como duas boas amigas, nada mais que isso. Retornando à sala de aula, as duas sentaram no fundo, em cadeiras bem próximas e sem ninguém muito perto, parecia que o lugar as esperava... E lá, na sombra do ar-condicionado, as duas começam mais uma vez a se acariciar por debaixo das carteiras... E mais uma vez, as pessoas soberbas de uma inocência, uma cegueira tamanha que não notaram as duas...
Susan confessa a um colega estar confusa em relação a todo aquele desejo destinado à Marie. Susan tinha um namorado, o que ela vira em Marie? Seus olhos azuis esverdeados penetrantes que a faziam pensar que nada mais era segredo entre as duas? Os traços finos e hostis de Marie? Ou era apenas a sensação de viver um romance aparentemente proibido? Essas perguntas embaralhavam a mente de Susan cada vez mais. Outro dia, depois de uma reflexão sobre os seus relacionamentos, Susan decidi terminar com o namorado, alegando ter se cansado do mesmo, com medo de dizer a verdade, acho...
Marie, por sua vez, se encontrava num daqueles relapsos momentâneos de tristeza profunda, quando se fica dependente de álcool e fumo. Acabara de sair de um relacionamento sério, que durara anos à fio, e se achava confusa, Susan ainda mexia muito com ela, tinha certeza do que queria, queria Susan, mas estava confusa com tantos sentimentos, mas sabia que poderia confiar e apostar todas as suas fichas em Susan, que era uma “lésbica diferente”, como ela mesmo dizia...
V
Susan, não queria apegar-se a ninguém naquele momento, também pensava que Marie não sentia o mesmo que ela, e quando dizia estar apaixonada, só queria a iludir...
A verdade, é que as duas apaixonaram-se desde o primeiro olhar, desde o início do ano letivo, quando, por coincidência, ficaram na mesma sala...
O cerco, digamos assim, se fechava cada vez mais... Para Susan, para Marie. Ambas contavam as horas para os fins de semana e feriados terminarem logo, para que pudessem se ver de novo, se amar no fundo da sala de aula... A seriedade do relacionamento das duas estava mais do que clara, Marie tinha ciúme possessivo de Susan, que por sua vez, passara a tratar Marie de “meu amor”.
VI
Susan fala com Marie sobre o término de seu namoro...
- Você ainda o ama, não é?
- Sim, acho que ninguém nunca vai substitui-lo, Marie, me desculpe.
- Eu não me importo, vem cá, me deixa te fazer mulher de verdade, só hoje...
- Não, Marie! Não posso, só transava com ele desde a minha primeira vez.
- Ah, é? E por quê?
- Talvez por que ele fosse meu namorado, não é? Ou talvez por que eu o amava... É difícil dizer.
- O “amava”? Não disse ainda agora que o ama?
- Já não sei, Marie, como já lhe disse, estou confusa, é tudo muito novo para mim...
- Está bem, esqueçamos isso. Venha aqui, me beija, me beija forte.
IIV
E as duas se consumiram, em abraços, beijos, carícias... A hora que Marie tanto desejou, chegara. As mãos suavam, o coração batia tanto que dava a impressão de que pararia a qualquer momento, os dedos salientes de Marie, enfim cruzaram todas as curvas e saliências de Susan, que gemia de prazer, de felicitação, de desejo...
Lábios, caras e bocas, mordidas leves em todo o corpo, aquela sensação que Susan sentira havia sido única, indescritível, inesquecível.
POR FIM...
Essa fora a melhor experiência de todo a existência de ambas, cansadas e com um sorriso bobo no rosto, típico de apaixonados...
- Fui melhor que seu namorado, Susan?
- Sim, bem melhor, Marie. É tão, inexplicável, mas, você conhece aquele aperto no peito que dá quando a gente pensa no ser amado partindo? E quando você for embora? Quando não nos virmos, vai ser a mesma coisa? E as pessoas? Como vai ser daqui para frente? Vamos à frente?
- O futuro nos pertence, Susan...
- Então esquece isso, esquece o medo, a indecisão. Vamos viver, vem ser minha, Marie. Agora, me deixa descansar, meu amor... (Susan deita no colo de Marie)
- E -u - t - e - te - a – amo, Susan...
(...)
E até ontem mesmo, as duas estavam bem. Marie, ainda estava confusa com seus relacionamentos, Susan, voltou com o namorado, e elas continuam a se encontrar, a se amarem ao fundo da sala de aula, e a fingir serem boas amigas para todos...
Hilário, não?

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